O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) passou a constar como um diagnóstico unificado na nova Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, a CID-11 (ICD-11 na sigla em inglês para International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems), lançada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que entra em vigor no dia 1º de janeiro de 2022.
A versão anterior, a CID-10, trazia vários diagnósticos dentro dos Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD — sob o código F84), como: Autismo Infantil (F84.0), Autismo Atípico (F84.1), Transtorno Desintegrativo da Infância (F84.3), Transtorno com Hipercinesia Associada a Retardo Mental e a Movimentos Estereotipados (F84.4), Síndrome de Asperger (F84.5), Outros TGD (F84.8) e TGD sem Outra Especificação (F84.9). A nova versão da classificação une todos esses diagnósticos no Transtorno do Espectro do Autismo (código 6A02 — em inglês: Autism Spectrum Disorder — ASD), as subdivisões passaram a ser apenas relacionadas a prejuízos na linguagem funcional e deficiência intelectual. A intenção é facilitar o diagnóstico e simplificar a codificação para acesso a serviços de saúde.
A exceção ficou somente por conta da Síndrome de Rett (antigo F84.2) que não entrou nessa unificação e agora fica sozinha na nova CID-11, com o código LD90.4
A CID, hoje com aproximadamente 55 mil códigos únicos para lesões, doenças, condições de saúde e causas de morte, é a base para identificar tendências e estatísticas de saúde em todo o planeta. O documento da OMS fornece uma linguagem comum que permite aos profissionais compartilhar informações de saúde em nível mundial. A nova versão foi feita 18 anos depois da CID-10 (lançada em 1990).
“A CID é um produto do qual a OMS realmente se orgulha. Ela nos permite entender muito sobre o que faz as pessoas adoecerem e morrerem e agir para evitar sofrimento e salvar vidas,” disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, no lançamento da nova versão, em junho de 2018.
Com um trabalho de elaboração que levou mais de 10 anos, a CID-11 será a primeira versão totalmente eletrônica. A ferramenta foi projetada para uso em vários idiomas: uma plataforma de tradução central garante que suas características e resultados estejam disponíveis em todas as línguas traduzidas.
Robert Jakob, líder da equipe de classificação de terminologias e padrões da OMS, falou sobre a simplificação desta versão: “Um dos mais importantes princípios desta revisão foi simplificar a estrutura de codificação e ferramentas eletrônicas. Isso permitirá que os profissionais de saúde registrem os problemas (de saúde) de forma mais fácil e completa”.
A CID-11 entra em vigor em 1º de janeiro de 2022. Mais informações (em inglês) estão no site da OMS (http://www.who.int/health-topics/international-classification-of-diseases).
Segue a listagem de todos os códigos em vigor da CID-10 e a nova classificação da CID-11:
Uma nova versão de categorização de doenças e problemas de saúde não significa, sozinha, melhores avaliações e diagnósticos mais fidedignos. Todos os profissionais que atendem crianças/adolescentes/pessoas com alguma demanda precisam manter a sensibilidade de olhar o sujeito que aí está, avaliar suas dificuldades e perceber suas potencialidades. Simplesmente classificar, dar um número não garante um melhor atendimento.
Elaborar um Plano Terapêutico Transdisciplinar (onde toda a equipe de profissionais pensa junto) é fundamental. Orientar a família nas suas dúvidas, na organização de uma rotina e com sugestões de manejo com a criança ajuda muito na evolução. Assessorar as escolas, professores e auxiliares nas melhores condutas, no Plano Individualizado (quando necessário) também colaborar para garantir um processo de aprendizagem e socialização.
Enfim, todas as mudanças sempre serão bem vindas quando garantirem os direitos das crianças e adolescentes com TEA num tratamento adequado e humanizado.
Janete C. Petry
Psicopedagoga
Retirado de: https://tismoo.us/destaques/cid-11-unifica-transtorno-do-espectro-do-autismo-no-codigo-6a02/