QUANDO DESISTIR PODE SER UMA VITÓRIA!

QUANDO DESISTIR PODE SER UMA VITÓRIA!

Muito tem se falado sobre a atleta olímpica Simone Biles que desistiu de competir nas Olimpíadas de Tóquio. Uma atleta de alta performance, experiente, medalhista parece não poder andar para trás, apenas seguir competindo e ganhando. É um nível de exigência muito alto para uma jovem que dedicou quase toda a sua vida para treinar, competir e buscar vitórias. Toda esta exigência cobra um preço: a saúde mental, equilíbrio emocional, qualidade de vida.

 

Quando se fala em saúde mental, neste caso, não estamos falando de problemas psíquicos já instalados, mas de um estado de fadiga e estresse mental que se não forem respeitados e cuidados podem levar a riscos importantes.

 

Será que a saúde mental, apenas de atletas como Simone Biles, está em risco? E nossas crianças e adolescentes que se cobram e são cobrados por resultados também não estariam com esta saúde em risco?

 

É saudável e esperado que os pais queiram o melhor para seus filhos, que tracem planos de sucesso para eles, mas a pergunta é: nossas crianças e adolescentes estão preparados, eles têm estrutura psíquica e resiliência para estas cobranças?

 

Matricular os filhos em escolas com currículos exigentes, inscrever em aulas de idiomas, de ballet, incentivar na prática esportiva são atividades positivas e desafiadoras, mas precisam ser pensadas de acordo com a maturidade de cada criança. Iniciar muito cedo este tipo de rotina sem uma estrutura familiar de apoio, ou sem reconhecer a capacidade das crianças pode provocar mais estresse mental e emocional do que ser trampolim de desenvolvimento.

 

Desde pequenas as crianças podem e devem ser desafiadas através do desenvolvimento da autonomia, da responsabilidade, da cooperação, do diálogo e do comprometimento com suas coisas. Não adianta matricular numa escola de exigência e carregar a mochila da criança, fazer os temas por ela, reclamar com a professora a cada queixa do coleguinha que tirou o brinquedo. É preciso preparar as crianças para este mundo de desafios, de confrontos e cobranças.

 

É preciso que em casa haja diálogo e reflexão sobre as emoções, sobre a vida real, que hajam cobranças das responsabilidades de cada um como arrumar seus brinquedos, cumprir prazos de tarefas, respeitar as opiniões diferentes ...

 

Ensinar desde pequenos a ter resiliência, a suportar frustrações, a não ganhar tudo, a se preparar para os desafios vai fazer esta criança crescer e se tornar um adolescente mais equilibrado e preparado para os desafios desta fase da vida e das responsabilidades escolares, esportivas ...

 

Mas se ao longo da caminhada os pais perceberem que seu/sua filho/a está sofrendo com toda a rotina estabelecida não é vergonha diminuir o ritmo, mudar a trajetória e fazer novos planos. Não é fazer a escolha do mais fácil, menos exigente apenas para agradar e não ouvir as reclamações. Nós adultos também temos nossos momentos de preferir o fácil ao invés do difícil, de gostar das férias e não do trabalho. A questão é prestar atenção na criança/adolescente e cobrar na medida daquilo para o qual ela foi preparada e está pronta a responder. Neste sentido o papel dos adultos cuidadores é fundamental: acolher e não bater, ouvir e não gritar, dar suporte/estar presente e não apenas cobrar e “dar presentes”.

 

Reconhecer que a cobrança está além da capacidade do momento e fazer uma pausa não é derrota, não é desistir das demandas da vida, mas é reconhecer as dificuldades e sofrimentos e se preparar para vencer no futuro.

 

Janete C. Petry

Psicopedagoga do Espaço Dom Quixote 

@psicopedagoga.janetepetry

@espacodomquixote

30 de Julho de 2021

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