Ter tempo para o nada

Ter tempo para o nada

No nosso mundo atual nunca houve tantas opções de entretenimento para as crianças, vemos quartos lotados de brinquedos, jogos, tecnologias e com tudo isso cresce o número de crianças insatisfeitas e não sabendo aproveitar o que está disponível. As informações são muitas, a correria é exaustiva e no meio disso tudo temos crianças já enfrentando a preparação para a vida adulta, com uma rotina de escola, a prática de esportes, uma língua estrangeira, a vida social, enfim, crianças sobrecarregadas.

Para o desenvolvimento infantil ocorrer de uma maneira mais tranquila, o tempo livre é fundamental para esta fase. Nossas crianças estão usando menos a imaginação, pois a maioria dos brinquedos já tem uma função específica, são praticamente da mesma textura, os amigos já possuem, mas no meio disso tudo está o sentimento de que algo falta neste contexto.

O adulto ao ver o filho inquieto, acaba achando algo para ele fazer, estamos sempre super estimulando e fazendo as vivencias serem mais superficiais, num ritmo que o cérebro se acostuma, portanto quando a criança para o tédio aparece. Trabalhar a paciência no adulto é fundamental, saber deixar o filho um pouco sozinho, fazer as coisas no ritmo dele, tudo trabalha para contribuir com a criatividade e a tolerância do tempo para não ter nada.

Sentimentos como a frustração e a raiva, não são bons, mas são muito importantes para um desenvolvimento sadio e o tédio também é necessário e como tudo, a dose é o que importa. Conhecendo bem a criança, conseguimos identificar se o tempo em uma determinada atividade já acabou, se é preciso fazer uma pausa ou não e ir conseguindo dar o devido espaço à criança, afim de proporcionar que a criança aprenda a lidar com o seu tempo livre, que consiga encontrar outras maneiras para se divertir e que fique bem na sua própria companhia.

Toda esta preparação, a escolha de uma boa escola, um outro idioma, uma vida saudável são importantes e devemos ter a atenção de proporcionar o equilíbrio entre tudo, mas é fundamental não ter nada programado, isso vai gerar outras descobertas, outras habilidades e melhorar a vida corriqueira.

Os pais devem ter claro que não é simplesmente deixar o filho sozinho, sem nenhuma supervisão, mas é ir conhecendo o local onde estão, saber o que tem disponível, deixar a criança guiar e sim, os pais podem participar deste momento, mas esvaziar a cabeça, guardar o celular em uma gaveta e deixar a criança que ele já foi um dia dividir este momento com o seu filho. Esse movimento simples pode contribuir para vínculos familiares mais afetivos, elaboração de outros recursos, como encontrar novas soluções para um mesmo brinquedo, por exemplo, descobrir outros espaços. Lembre-se o tédio vai dar espaço ao ócio.

Contribuição da Psicóloga do Espaço Dom Quixote,

Fernanda Rizzardo

11 de Agosto de 2020

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